Desfalque

Vítimas de golpe clamam por justiça

Dezenas de pessoas tiveram pelo menos R$ 500 mil levados em golpes aplicados por pelotense

Paulo Rossi -

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Grupo de pessoas que tiveram prejuízo reúne e troca informações sobre o caso pelas redes sociais (Foto: Paulo Rossi - DP)

Sofrimento, vergonha, desilusão… Estes são alguns dos sentimentos mencionados por vítimas de um golpe aplicado por uma pelotense em várias cidades do Estado e do país. A acusada é Tânia Campos que atuava através de vendas de passagens de avião.

Um grupo de cinco vítimas procurou o Diário Popular para relatar suas histórias. Nenhuma das pessoas quis se identificar. Foi criado no WhatsApp um grupo intitulado "Vítimas da Tânia", para reunir o máximo de provas e informações. Atualmente, cerca de 110 pessoas fazem parte deste grupo. Segundo os cálculos feitos pelos participantes, apenas entre eles o prejuízo beira os R$ 500 mil.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Proteção do Consumidor (Deic - Decon) de Porto Alegre. O delegado responsável, Rafael Liedtke, diz haver dezenas de registros contra Tânia.

Segundo ele, o caso seguirá sob sigilo. "Quanto menos a gente divulgar, melhor", explicou. Provas seguem sendo colhidas com o intuito de realizar alguma ação em breve e novidades podem surgir nas próximas semanas.

Como acontecia?
São muitas histórias diferentes, mas o modo é sempre parecido: Tânia chegava na pessoa, fosse por contato pessoal ou através de indicações. "Era muito convincente, simpática. Prometia realizar os nossos sonhos", disse uma das vítimas. Outra, que estudou com a acusada no tempo de colégio, disse que Tânia utilizou esta relação para convencê-la.

Depois da ideia aceita, ocorria uma pressão para os pagamentos serem realizados logo. A explicação para os preços mais baratos é porque supostamente conseguiria de última hora junto às empresas de aviação assentos não vendidos, utilizando o sistema de milhas.

Para pessoas desconfiadas, ela passava contatos de outros supostos clientes, satisfeitos com o trabalho. Nas redes sociais, ostentava imagens que também transmitiam confiança às vítimas. Segundo um dos enganados, Tânia chegou a ofender-se quando questionada sobre a honestidade de seu trabalho.

A partir deste momento, a atuação era diferente para cada vítima. Alguns chegavam a receber a passagem de ida, mas não a de volta. Uma pessoa disse ter ficado uma semana a mais esperando para retornar e precisou comprar sozinha a passagem. Outras vítimas ficavam dias esperando em Porto Alegre para viajar. Tânia, então, prometia reembolsar o valor em breve, mas isso nunca ocorria.

Segundo representantes do grupo, há ainda várias pessoas em silêncio quanto ao crime. Eles identificaram pelo menos 25 vítimas que, por medo, vergonha ou descrença na Justiça, resolveram não fazer boletins de ocorrência nem engajar-se na busca por uma conclusão da história. Todos os entrevistados foram descrentes quanto à possibilidade de terem os valores reembolsados, mas a busca por justiça fala mais alto. "Eu tenho esperança de algo ser feito - ou pelo menos evitar novos casos. Meu dinheiro eu sei que não vou ver", lamentou uma das representantes.

Golpes também no comércio
O proprietário de uma agência de viagens do centro de Pelotas também procurou o Diário Popular para contar sobre golpes aplicados por Tânia. Ela costumava comprar passagens na empresa para revender.

Pela confiança gerada na relação de meses de negociações, sem nunca ter dado crédito anterior a ela, foram vendidos R$ 61 mil em passagens a prazo. Ela prometeu pagar o valor em três dias. A agência ainda conseguiu reaver R$ 15 mil através de outras vendas a preços superiores para ela, mas o prejuízo seguiu grande. O proprietário não espera reaver seus R$ 45 mil, mas clama por justiça. "Eu quero ver ela presa", concluiu.

A reportagem tentou contato com advogados ligados a Tânia, mas não foi atendida. Os telefones utilizados por ela para negociar as passagens também estão desligados. Em fevereiro, em entrevista ao Fantástico em sua casa, no Rio de Janeiro, o marido de Tania argumentou que ela estava doente e sedada e por isso não atenderia ninguém. Na época, foi apresentado também um áudio onde ela dizia estar no hospital por ter sofrido um derrame.

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